Eu trabalho perto de casa, e todos os dias vou almoçar lá. Hoje
aqui e Recife está fazendo um calor medonho e na volta pra o trabalho, no
caminho até a parada de ônibus, abri o guarda-chuva para me proteger do sol,
pois estou usando um creme para clarear umas manchinhas do meu rosto e não
posso levar sol. Fiz o caminho até a parada, e chegando lá havia um rapaz
branco, devia ter uns 23 anos mais ou menos, olhou pra mim com desdém e disse a
seguinte frase em voz alta pra ele mesmo (ou não):
- Não sei porque esse povo preto usa guarda chuva no sol,
não tem como ficar mais preto que isso!!!
Confesso que deveria ter tido uma atitude mais cristã e não
revidado a ofensa, mas corre sangue nas minhas veias, e ele ferveu! Então eu
falei pra o rapaz:
- O que você pensa que te dá o direito de achar que o calor
que você sente é mais forte do que o meu se estamos de baixo do mesmo sol? O
fato de você ser branco e eu negra? Por acaso o sol não queima a minha pele, e
essas queimaduras não ardem e incomodam em mim assim como em você? Por acaso eu
não sinto calor transpiro e me desidrato assim como você? Por acaso você pensa
que seus comentários racistas não me ofendem e ferem meus sentimentos porque eu
não conseguiria entender o que você quer dizer? Você acha que pelo fato de eu
ser negra tenho que tostar no sol? Não bastaram os anos que o meu povo preto,
como vc os chamou, sofreu embaixo do sol escaldante e chicote de brancos como você,
nas lavouras de café, algodão e cana-de-açúcar, para que vocês, brancos,
ficassem ricos? Eu sou feita da mesma matéria que você, e quando nós dois
morrermos vamos os dois apodrecer e ser comidos pelos vermes, então agora me
diga o que te faz pensar que é diferente de mim em algo? Ser branco? Me poupe
racista!
Eu mesma vou te responder a única coisa que nos faz
diferentes, é que você tem uma mente pequena e medíocre enquanto a minha eu
permito que ame e aceite as pessoas como Deus as fez!
O tempo todo ele ficou me olhando com os olhos arregalados e
não me disse mais nenhuma palavra, meu ônibus passou em seguida e eu voltei
para o escritório sem acreditar que uma situação assim tinha acontecido comigo.
Ontem mesmo eu conversava sobre discriminação racial com meu
pai depois do jantar, Ele me contava inúmeros casos em que foi ignorado em
lojas, menosprezado por clientes no trabalho que falavam com ele e mandavam
chamar o chefe, porque não acreditavam que ele era o chefe... entre outros. Essa
conversa começou quando eu comentei com ele que estava revoltada com a nova série
da rede globo “Sexo e as Nega” e disse que havia um movimento nas redes sociais
e blogs contra o programa e eu disse que ia apoiar que ia postar uma foto
dizendo “Rede globo eu não sou tuas Nega”, e justo no dia seguinte a essa
conversa eu passo por isso! Lamentável que em um pais como o nosso ainda tenham
pessoas que considerem o negro um ser inferior aos brancos.
Diana Santos.
Cada pessoa tem uma forma diferente de reagir, e as vezes até nós mesmos nos surpreendemos cometendo atitudes que não estamos acostumados a ter. Sou natural de Vitória da Conquista BA, fui morar em Salvador ainda com uns 11 anos no bairro da Mata Escura, subúrbio da capital, dois anos depois já na adolescência fui morar no Marechal Rondon e nestes dois bairros fui atacado na rua, na escola, em locais públicos como Fliperamas (só pra quem tem mais de 30 kkk), simplesmente pelo fato de ser branco, sim, exatamente isso, sou branco e sofri racismo durante toda minha adolescência. Meus melhores amigos são afro-descendente e eu parmalate, branquelo, leite, alvo mais que a neve, ou qualquer coisa parecida. Tenho amigas de me apelidavam carinhosamente e quanto a isso não vejo problema, mas tem pessoas que falavam da minha cor como se fosse errado ser branco. É a primeira vez que conto isso publicamente, mas achei oportuno dizer que racismo não escolhe cor, e independente a motivação é simplesmente abominável, irracional. A cor da minha pele não é minha raça, faça parte de um país miscigenado, na minha arvore genealógica tem índios, negros, espanhóis, portugueses, eu sou brasileiro, sou verde, amarelo, azul e branco, mas se quiser definir uma cor, sou vermelho da cor do sangue, da cor do sangue que Jesus derramou na cruz e declarou em 2 Co 5:15 "Ele morreu por todos,..."
ResponderExcluirO sangue de Jesus é a maior expressão de amor, poder, e valor e serve como medida pra nós sabermos que diante dele, todos são iguais.